segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O REBANHO

É certo que nós, os homens, nos temos animalizado.

Tornaram-se mais raros os comportamentos humanos: quero dizer comportamentos ditados pela inteligência e pela vontade; pela parte espiritual – a mais elevada – do nosso ser.

Procuramos encher a barriga, buscamos o divertimento, a comodidade, o prazer, aquilo que é fácil. Não nos interessam os sábios, os filósofos, os poetas, os santos. Não queremos ouvir falar de subir montanhas – interiores ou exteriores a nós –, de superação, de ousadia, de sacrifício. Aventuras... só aquelas que não tiverem necessariamente consequências, as que não comportarem um risco real – o que impede que sejam realmente aventuras...

Somos, cada vez mais, um pedaço de carne mole estendida à sombra. Olhamos, na rua, para uma multidão e cada vez temos mais a sensação de que não se diferencia muito de um rebanho, de que constitui uma massa amorfa sem individualidades.

E, no entanto, esse rebanho segue um caminho; obedece a indicações precisas, aceites por todos. Mesmo as coisas mais disparatadamente contrárias à nossa natureza, ao nosso bem, à nossa felicidade, são pacificamente aceites por todos.

Há alguém – há interesses – por trás da forma como, por exemplo, são orientados muitos meios de comunicação. Estes nossos tempos têm os seus “profetas” escondidos, que erguem o dedo e apontam caminhos que quase todos seguem docilmente, como ovelhas tontas a quem basta a sua dose diária de erva verde, de sombra e de descanso.

Transformar uma multidão de seres inteligentes em rebanho foi – está a ser – uma gigantesca tarefa, reveladora de grande inteligência. E , também, de muito desprezo pelos outros seres humanos.

Qual foi a táctica? Foi, sem dúvida, complexa. Mas o seu elemento mais decisivo consistiu em fazer crer às pessoas que se estava a defender os seus interesses, os seus direitos e a sua liberdade. Como se esses “profetas” se preocupassem generosamente com os interesses das outras pessoas... Como se alguém tivesse visto essa gente a fazer voluntariado em hospitais ou a distribuir os seus bens aos mais pobres...

Esta linguagem – “os vossos direitos, a vossa liberdade”... – soa bem aos ouvidos de qualquer um... É atractiva, quase irresistível. Com ela conseguiram mudar a mentalidade de muitos e alterar o tom da sociedade.

Quando lhes interessou que diminuísse o número de nascimentos de crianças, procuraram que as mulheres passassem a estar fora do lar («A condição e a utilização das mulheres nas sociedades dos países subdesenvolvidos são particularmente importantes na redução do tamanho da família... As pesquisas mostram que a redução da fertilidade está relacionada com o trabalho da mulher fora do lar», lê-se no tenebroso Relatório Kissinger, pag. 151). Para isso, não fizeram leis que obrigassem a mulher a trabalhar longe de casa, porque isso apareceria claramente como um abuso e uma ingerência e se estava numa altura em que o mundo não admitiria novas tiranias. O que fizeram foi divulgar a ideia de que a mulher tinha tanto direito como o homem a trabalhar fora do lar. E as mulheres empertigaram-se... e a mensagem passou.

E não quiseram, pelo mesmo motivo, obrigar a mulher a abortar. Disseram-lhe que tinha o direito de “interromper a gravidez” porque a gravidez era um assunto apenas dela.

E não disseram aos casais que tivessem poucos filhos. Mostraram-lhes, simplesmente, como era bom consumir; que tinham tanto direito como os outros à qualidade de vida (ter muitas coisas...). Apenas lhes fizeram notar que com cada filho se gasta uma fortuna... e que cada filho que viessem a ter teria também o seu direito à qualidade de vida.

E, no início, não divulgaram directamente o homossexualismo. Falaram às pessoas de liberdade sexual, da livre escolha de cada um nesse campo.

E não impediram os pais de educar os filhos. Falaram do direito à educação, concretizando-o em leis – obrigatórias!... – que encaixotam as crianças, desde tenra idade, em escolas que não são exactamente centros educativos. Nesses lugares – longe da vista dos pais – ensinam actualmente os jovens a terem relações pré-matrimoniais “seguras”. E a bondade da “opção homossexual”. E outras coisas do género. É nisto – unicamente nisto – que consiste aquilo a que pomposamente chamam “educação sexual”.

Tudo aquilo que, ao longo da história, muitos tiranos tentaram, sem grande sucesso, realizar através da força – selecção de raça, super-homem, eliminação dos deficientes e dos velhos e dos inúteis, homem-ovelha facilmente conduzido – está agora a ser conseguido sem grandes ondas...

2 comentários:

Anônimo disse...

Exatamente!!!

Diferente da "modernidade", que impunha posicionamentos abertamente, "certo ou errado", a "pós-modernidade" trouxe o que lemos neste texto, uma formula bem elaborada para parecer que as pessoas estão tomando decisões sobre suas vidas, mas que não passa de um engano, de uma armadilha, que captura com precisão aqueles que não conseguem avaliar as situações.

Estamos sendo induzidos ao erro, e se não estivermos com nossa capacidade de discernimento em alerta constante, faremos, em breve tempo, parte do "rebanho" de idiotas ambulantes.

Abraço meu grande amigo!!

Anônimo disse...

Uau Pastor o Blog tá Joia !!!

Parabens !