quinta-feira, 8 de setembro de 2011

VIVER AGORA, PAGAR DEPOIS


Santo Agostinho, um dos grandes formuladores do catolicismo, uniu a teologia à filosofia. Sua contribuição para o estudo das taxas de juros, ainda que involuntária, foi tremenda. Em suas ”Confissões”, o bispo de Hipona, filho de Santa Mônica, conta que, ainda adolescente clamou a Deus que lhe concedesse a castidade e a continência e fez uma ressalva - ansiava por essa graça, mas não de imediato. Ele admitiu que receava a concupiscência natural da puberdade. 


A atitude de Santo Agostinho traduz impecavelmente a urgência do ser humano em viver o aqui e agora. Essa atitude alia-se ao desejo de adiar quanto puder a dor de arcar com as conseqüências do desfrute presente sejam elas de ordem financeira ou de saúde. 

É justamente essa urgência que explica a predisposição das pessoas, a pagarem altas taxas de juros para usufruir o mais rápido possível seu objeto de desejo. Os juros são o preço que se paga pelo adiantamento do prazer, isso acontece porque o homem não sabe por quanto tempo vai viver e, portanto valoriza excessivamente o presente, paga caro hoje porque não sabe se vai estar vivo ou em condições de usufruir seu objeto de desejo no futuro, parece-me uma troca quase chegando às raias da naturalidade.

Somos instigados ao proveito material imediatista, compramos automóveis com juros escorchantes, com carnês de financiamento que mais parecem um exemplar da bíblia por puro desejo imediato, e às vezes para não dizer sempre levamos a chaves do bem para ser (ungido-animismo), (trataremos deste assunto em outra ocasião) onde será que colocaremos em breve os textos que tratam de ansiedade?

Paz e bem a todos que de alguma forma buscam esta libertação.