terça-feira, 7 de agosto de 2012

JESUS, O CAMINHO OU UMA ALTERNATIVA?



“A multidão ficou fora de si (maravilhada), ao ouvir as suas palavras” (Mateus 7.28).

O que entusiasmou tanto as pessoas, o que as levou quase a loucura? O que Jesus lhes tinha dito? As pessoas que conviviam com Jesus diziam: “ele traz boas novas, ou boas notícias”.

Três anos mais tarde, de acordo com o mesmo Mateus, toda a cidade ficou em alvoroço quando Jesus de Nazaré entrou em Jerusalém outra grande prova de que o que ele dizia atraia a simpatia e o interesse das pessoas.

Mas então, porque o mataram dois dias depois?

Será que aquilo que ele disse relatado por Mateus também poderia melhorar hoje a convivência entre as pessoas e os povos? Será que corremos o risco de também desejar matar não mais a pessoa de Jesus, mas suas ideias quando ao apresenta-las não causemos as mesmas reações?

Não tenho a pretensão de acrescentar mais um texto aos milhares escritos diariamente sobre o edifício doutrinal que é a bíblia, já que é inesgotável sua mensagem diária e renovadora sua proposta para a vida.

O que desejo apresentar neste ensaio é gerar apenas uma pequena possibilidade à reflexão de que exista uma possibilidade que a mensagem que está sendo pregada está em desalinho com os resultados apresentados nos relatos de Mateus 7.28.

Por conta de ter lido recentemente um resumo muito bem elaborado de o “Grande inquisidor” de Dostoievski farei uso deste trecho do conto apenas como analogia do distanciamento que estamos a provocar no encaminhamento das pessoas ao interesse pelos valores apresentados nas boas novas (notícias) que os evangelhos representam.
Diz parte do conto de Dostoievski [...] “Jesus aparece subitamente em Sevilha durante a perseguição aos hereges. O inquisidor manda prender Jesus e explicou-lhe que os seres humanos não são capazes de construir um reino de amor e liberdade que Deus lhes Deu. Este erro tinha que ser corrigido, a liberdade deveria ser tirada dos seres humanos. A igreja deveria tornar-se ela própria Deus e oferecer pão e felicidade aos milhões de pessoas que vivem na miséria e na pobreza, através da submissão destas à sua autoridade.”.

Sabemos que a inquisição fracassou, tal como a sua concepção. Fracassou porque tentou estabelecer em si mesmo a imagem e a presença de Deus ou mais radicalmente estabelecer-se como a representante de Deus única e exclusiva.

Nos relatos de Mateus dos capítulos 5 -7, vemos Jesus apresentando várias considerações que envolvem a apresentação de uma proposta tão revolucionária para o momento, que os que a ouviram simplesmente ficaram fora de si (maravilhados) com as possibilidades apresentadas pelas boas novas da parte de Jesus.

A mensagem de Jesus revolucionou o mundo e ainda deve revolucionar o mundo não está acabado, a mensagem genuína do evangelho deve constituir uma oportunidade para um mundo cada vez melhor para a coletividade; Jesus está sendo seguido por uma grande multidão em Mateus 7, hoje existem milhões que o seguem, porém sua mensagem está perdendo força a cada momento que a mensagem se torna apenas pessoal e particularista (uma mensagem só minha) ou ainda mais grave quando ela toma formas de Niilismo (Negação dos valores intelectuais e morais comuns a um grupo), ou seja, deixarmos a mensagem de Jesus tornar-se inadaptável a qualquer outro ideia que não seja a que temos. 

A mensagem que revoluciona ou a mensagem que levou aquelas pessoas que a ouviram pela primeira vez ao sentimento incontido de maravilhamento é a mesma, pois de forma geral vivemos das mesmas mazelas que se apresentavam nos dias da presença corpórea de Jesus na terra, a miséria dos refugiados, a discriminação das mulheres, a xenofobia “a aversão a outras raças e culturas. É também associada à fobia em relação a pessoas ou grupos diferentes, com os quais o indivíduo que apresenta a fobia habitualmente não entra em contato ou evita fazê-lo”, a guerra e a opressão militar, a privação de direitos, a pobreza hoje global, a discriminação dos deficientes, o capitalismo e a ganância, a obsessão pelo poder, o fundamentalismo religioso, o racismo, a lista é muito longa.

Precisamos reafirmar que os evangelhos são a única solução social para as nações.

O que Jesus diz no sermão da montanha motiva-te a ficar maravilhado (enlouquecido) pelo contexto da sociedade que podemos transformar e não o fazemos? 

Que Deus nos ajude a descobrirmos por nossas próprias convicções sobre “eu-engelion” a provocar reações como as que aconteceram em Cafarnaum.

Romildo Neres
Portugal 2012