Se você não se cuidar a “Tacocracia” vai te alcançar.
Foi em uma palestra do professor Mário Sergio Cortella, professor de filosofia da PUC que ouvi pela primeira vez esta palavra. Mas o que é “Tacocracia”? Os antigos gregos, avós da cultura ocidental, usavam o termo “Tákhos” que quer dizer rápido para expressar uma característica ou qualidade específica de algo, não poderiam imaginar que nós seus herdeiros poderiamos também utilizar a mesma expressão como critério de qualidade para as coisas em geral.
Estamos próximos, muito próximos, de uma “Tacocracia”, na qual a rapidez em todas
as áreas aparece como um poder quase imperativo e como exclusivo parâmetro para
aferir se alguma situação, procedimento ou relação serve ou não serve para as
coisas em geral.
A pressa não é mais inimiga de perfeição?
Devagar se vai ao longe? Há. Ainda, algum valor que possa ser atribuído a algo
que demora um pouco mais para ser feito, ou conquistado? Minha resposta é Não;
não temos mais tempo! Cada dia levantamos mais cedo e vamos dormir mais tarde,
sempre com a sensação de que o dia deveria ser mais extenso ou não soubemos nos
organizar direito.
Não olhamos mais para o relógio para ver que
horas são, mas, sim para verificar o quanto falta. É essa urgência de
visualizar o intervalo espacial entre os ponteiros que faz, por exemplo, as
pessoas dizerem que “até Deus está com pressa”. Quando pedimos pizza ou vamos
almoçar em um restaurante a pergunta recorrente é: “Vai demorar em ficar
pronto? Em outras circunstancia parece-me ainda mais evidente com, por exemplo,
Vou demorar em aprender isso, A conexão é demorada, Ler um livro é demorado, O
culto é demorado.
Será um exagero pensar que estamos sendo
invadidos pela “Tacocracia”? .Vou
contar uma experiência pessoal. Embora eu não seja um freqüentador assíduo de
fast foods vez por outra me pego observando como as pessoas se comportam nas
praças de alimentação.
Embora reconheçamos que à hora em que nos
alimentamos seja sagrada, mas é fácil perceber que já não escolhemos a comida por
sua propriedade, passamos a escolher o que vamos comer por número no lugar de
nome, não esperamos além de minutos para receber-la; Essa comida deve ter uma
consistência que me permita dispensar o trabalho de mastigar muito, podendo
inclusive comê-la segurando na mão, após é claro tirar-la de um saco de papel.
Fazemos isso em um incomodo banquinho fixo desconfortável diante de uma mesa
incomoda ou vivenciando o ápice civilizatório de fazer tudo isso dentro do próprio
carro enquanto dirijo.
É pratico? Sem duvida. Mas, é bom?
Possibilita que eu ganhe tempo, más, o que faço com este tempo que ganhei? Vou
desfrutar mais lentamente de outras coisas ou vou continuar correndo?
Tem alguma coisa errada nessa turbinação
toda.
Este processo está bem presente em nossos
encontros religiosos, precisamos uma dinâmica litúrgica cronometrada, não há tempo
para certos privilégios comunitários, as relações entre irmãos se fazem de
forma rápida.
O momento de ceia é o ultimo instante de
nossos cultos. Comemos e bebemos simbolicamente os elementos da ceia, mas
esquecemos que na prática este momento foi festejado por Jesus com o desejo de
estar por mais tempo com seus discípulos.
Vamos promover mais qualidade de
tempo em torno da mesa, vamos enxergar a mesa como um lugar de encontros que
nos faça mais íntimos uns dos outros, vamos celebrar ao Cristo que em torno da
mesa desejou que estivéssemos nós até que Ele venha.
Em Cristo a caminho dEle.