segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SOMOS IGREJA OU DENOMINAÇÃO? - (parte 1)

E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; (Mateus. 16. 16-18) 

A partir deste texto conhecido como a confissão de Pedro gostaria de discorrer sobre a pré-ocupação exagerada sobre a Igreja. Gostaria de salientar que li este texto sobre muitas outras perspectivas diferentes desta que agora pretendo apresentar.

Não sei se você, assim como eu, observa certa histeria generalizada quanto ao futuro da igreja, seja ela em âmbito nacional ou mundial, frases como “Precisamos avaliar os rumos que a igreja está tomando”, ou, “O mundo está entrando na igreja” livros apresentam a igreja com adjetivos como: “A igreja emergente” ou “A igreja com propósitos”, depoimentos alarmantes e alarmistas sobre o futuro da igreja estão espalhados por sites do mundo inteiro.

Bem! De fato e isto não é boato, A igreja vem passando por transformações significativas sobre vários aspectos como, por exemplo: A igreja nunca esteve tão mal representada no meio político como hoje está a igreja nunca se viu envolvida em tantos escândalos financeiros de cifras tão elevadas como hoje, a igreja nunca esteve tão chafurdada em pecados morais, mentiras, falcatruas, ausência de ética como hoje, mas a pergunta que se faz é? Os escândalos estão na igreja ou nas denominações que se autodenominam igreja?

Vamos fazer uma pequena pausa para um exercício exegético sobre o texto de nosso irmão Mateus.

Um fenômeno social na época dos fatos de onde tiro minha reflexão, é também um acontecimento bastante peculiar ao que vivemos hoje. Havia grupos oriundos do Judaísmo como: Os Saduceus, partido constituído por grandes proprietários de terras e membros da elite sacerdotal, havia os Escribas que embora não estavam ligados a um segmento social específico, nem constituíam uma seita ou partido, na acepção estrita das palavras, desfrutavam de enorme autoridade, como intérpretes abalizados das Sagradas Escrituras, os Fariseus que faziam parte de um movimento com ramificações em todas as camadas sociais, principalmente nas classes dos artesãos e pequenos comerciantes, e os zelotes, que depositaram grande esperança na liderança política de Jesus.

Veja que a pergunta de Jesus aos discípulos solicitava uma resposta que fosse dada a partir da analise sociocultural dos momentos políticos e religiosos da época, seria mais ou menos como perguntar a um cidadão brasileiro qual é o melhor técnico para seleção brasileira, evidentemente haveria uma enorme lista de qualificados e qualificações para formulação de uma resposta.

Na narrativa que se segue, os discípulos apresentam vários estereótipos utilizáveis na opinião da sociedade em relação a quem era Jesus, mas em uma súbita explosão de revelação divina inspirativa Pedro diz: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”.

Esta afirmação de Pedro me parece a porta de entrada para o exercício exegético destes três versículos em questão. O reconhecimento de Pedro em primeira instância parece ser somente uma afirmação simplista como as que fazemos hoje, como “Glória a Deus”, “O Sangue de Jesus tem poder”, “Só o Senhor é Deus” etc.

Mas observe a seqüência do diálogo iniciado a partir desta explosão de verdade vinda de Pedro. Jesus ouvindo isto responde “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas”. Jesus me parece tão extasiado com a resposta que imediatamente faz uma referencia elogiosa a Pedro com a expressão “Bem Aventurado”, ou seja, “Você é mais que feliz Pedro”.

Você pode estar se perguntando? O que isso tem haver com o título desta postagem? É bem verdade que parece que não chegaremos até um ponto de convergência, mas exegese é assim mesmo.

Culturalmente tratamos a “Bem Aventurança” ou “Muita felicidade” a partir de coisas que nos façam felizes, melhorando um pouco minha argumentação eu diria que estamos passando por um processo de “coisificação” da felicidade, me parece haver uma convocação intencional neste sentido quando não entendemos a felicidade apenas como um estado de Espírito.

A Igreja nunca foi mencionada na bíblia como um local onde se experimenta um estado de Espírito, ao contrário disso, a Denominação se apresenta com esta proposta o tempo todo em todo tempo. A entidade denominacional não é uma entidade espiritual porque se diz igreja, nem é igreja porque se denomina.
(Continua na parte II)