quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PERDÃO E A JUSTIÇA RETRIBUTIVA.



Depois de falarmos um pouco da fome, identificando-nos como seres famintos, desejosos, insatisfeitos porque acabamos tendo sempre a expectativa de que algo novo aconteça para encontrarmos satisfação e quando a satisfação é suprida voltamos a ter fome e que o exercício para nos livrarmos desta fome pelo que não é pão só pode vir do entendimento de que temos nossas necessidades supridas por Deus porque “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes” pretendo falar sobre o aspecto do: Peso da Culpa.

Na oração que Jesus ensina a seus discípulos existe um bloco em que ele diz: “E perdoa as nossas dívidas assim como “sabemos perdoar”(grifo meu)

Tenho para mim que todos nós nutrimos sentimentos de culpa, seja por não conseguimos honrar nossa palavra, seja por não conseguirmos levar adiante os nossos intentos, seja por não finalizarmos nossos projetos, ou cumprirmos os nossos votos, concretizarmos as nossas promessas, não só a promessa que fazemos aos outros, mas as que fazemos a nós mesmos, E quando isso acontece, a nossa própria consciência nos chama a atenção.

Não é raro nos sentirmos culpados em relação a estas coisas e também ao próximo. Todos nós temos dívidas que nos oprimem, nos sentimos endividados, por exemplo, como pais, como cidadãos, como cônjuges, como filhos, como amigos, como cristãos. E não falta é gente apontando o dedo para gente cobrando sempre alguma coisa a mais, dizendo que nós estamos em falta.

Você já deve ter ouvido, por exemplo: Eu esperei tanto seu telefonema e você não me ligou? Eu estava esperando você aparecer e você não veio? Fiquei disse que me daria àquela reposta e você nem me mandou um Email?

E são cobranças muitas vezes disfarçadas de amor, mas geralmente  carregadas de carência, expressões que muitas vezes tem aparência de amizade mas que no fundo são mesmo é cobrança.

Não bastasse a voz da nossa consciência, existe ainda a daqueles que nos querem mal as vozes daqueles que nos querem bem, e ainda tem a voz do diabo.

E é ele que lança sobre nós as nossas dividas em momentos mais inadequados, quando estamos mais vulneráveis, nos momentos de maior necessidade de comunhão com Deus ele nos lança em rosto o nosso pecado e a nossa culpa.

Na oração de Jesus onde ele apresenta sua síntese religiosa vejo  aspectos que podem nos dar uma direção na compreensão deste “perdoa as nossas dividas, assim como sabemos perdoar”

A primeira coisa é que o evangelho do Senhor Jesus não é o evangelho do alto aperfeiçoamento, o evangelho do Senhor Jesus é o evangelho do perdão, a religião de Jesus não convida pessoas a que se tornem melhores, não convida pessoas à que se desenvolvam, não convida pessoas à que se aprimorem; A religião de Jesus convida pessoas culpadas, para lhes oferecerem o perdão de Deus e isso estabelece uma total desvinculação ao evangelho da justiça retributiva.

Na religião de Jesus não cabem palavras do tipo, eu mereço, eu não mereço, este raciocínio é estranho à religião de Jesus, pessoas que tentam se relacionar com Deus acreditando que poderiam fazer alguma coisa para virem a merecer o favor de Deus, estão iludidas, A religião de Jesus descarta este tipo de raciocínio. Na religião de Jesus ninguém ganha conforme seus méritos ou perde conforme seus deméritos, na religião de Jesus você é simplesmente perdoado.

Qualquer um que queria se aproximar de Deus com base na justiça retributiva fala sozinho, não fala com Deus porque Deus não conversa nestes termos.

Em Lucas:18.9-14 a bíblia conta-nos a parábola que: “Subiram dois homens a orar ao templo, um, Fariseu e outro Publicano. O Fariseu de pé orava de si para si mesmo” [...] Na continuação da leitura você poderá perceber o que eu chamo de “Religião da Justiça Retributiva”.

Somos na realidade oprimidos e somos massacrados pelo fato de acharmos que não estamos alcançando perfeitamente os padrões exigidos, quer seja ouvindo pessoas que estão ao nosso redor, quer seja através da própria consciência, quer seja por Deus ou pelo diabo.
A culpa pesa tanto em nossas vidas porque achamos que de alguma forma podemos pagar a Deus pelo seu “amor”. E na religião de Jesus este peso (fardo) é tão simples de ser retirado de nossa consciência, e acontece quando aprendemos a perdoar sem a idéia de que nosso perdão é porque somos melhores “Justiça retributiva”.

O perdão é a única divida que temos, mas não é há Deus que devemos! Devemos isso a nós e aos nossos iguais (semelhantes) sujeitos às mesmas opressões que vivemos. Paulo diz em “Romanos.13:8 - Ninguém devais nada exceto o amor”.

Só se sente perdoado quem se sente amado, só perdoa quem sabe repartir o amor recebido.

Que Deus nos ajude, hoje e sempre.

Com Cristo, a caminho de Cristo.