sábado, 8 de dezembro de 2007

Serei prospero, mesmo que seja honestamente

Fiz ranger na manhã de 20 de Novembro de 2007 as folhas do meu jornal matinal e abrindo-me as pálpebras piscantes fiquei como que paralisado com a manchete que anunciava seguinte noticia

Motoboy do Distrito Federal acha seis mil dólares e devolve o dinheiro

Policiais da Delegacia de Repressão a Pequenos Furtos do Distrito Federal tiveram uma surpresa na manhã desta terça-feira (20). O motoboy Irislon Lopes devolveu uma pasta com US$ 6 mil dólares, pouco mais de R$ 11 mil, que tinha achado dentro de um banco em um shopping da capital federal na noite anterior. Irislon foi até a agência bancária sacar dinheiro quando viu em cima do balcão uma pasta. Ele conta que ao chegar em casa, abriu a pasta e encontrou dois envelopes com o endereço da empresa dona do dinheiro. A quantia equivale a um ano de salário do motoboy.

Em estado de estupefação, li e re li varias vezes a lauda que achei inclusive bem sucinta por se tratar da revelação de um ato de tamanha compostura, decência e dignidade de um cidadão num país onde ser honesto é geralmente sinônimo de ser tolo, e para os leitores desta postagem faço lembrar que insistentemente impera ainda uma lei que insiste em reger alguns setores de nossa sociedade chamada lei de Gerson, que resumidamente ínsita as pessoas a levarem vantagem em tudo mesmo que para desgraça de outrem.

Neste mesmo dia tive acesso às entrevistas de Irislon, dadas às redes de TV e rádios, as palavras daquele jovem pai de família que mora num dos bairros mais pobres de Brasília deixaram-me profundamente crédulo de que realmente ainda há esperança para os feridos como diz uma canção que fez parte a pouco tempo do cancioneiro popular evangélico.

Em suas declarações, Irislon afirmava com veemência a importância que a formação recebida de seus pais, teve na sua decisão de devolver o dinheiro que moralmente não lhe pertencia ele declara: Faz parte da minha personalidade, da minha pessoa. Eu não quero o que é dos outros”, disse Irislon Lopes. “Se fosse pensar em recompensa, era melhor ficar com o dinheiro”, afirmou.

Fiquei imaginando, como um brasileiro destes feridos pelo infortúnio de fazer parte da grande massa empobrecida pela ganância dos poderosos, angustiado por não poder ver suas necessidades básicas serem supridas com o trabalho honesto e honrado de Motoboy conseguiu, dormir e não ser convencido pela própria durante a noite pela própria necessidade a mudar de idéia quanto ao destino a ser dado ao dinheiro na manhã seguinte.

Durante aquela noite, fiquei constrangido pela lembrança da atitude daquele jovem que por sinal só mencionou uma única vez a palavra Deus, quando agradeceu pela educação recebida dos pais.

Meu constrangimento não veio em defesa de Deus não ter sido mencionado mais vezes, meu constrangimento veio por estar a ouvir vários testemunhos dados nos púlpitos eletrônicos (rádios e TVs) de nosso país por pessoas insufladas por lideres sem a mesma envergadura moral do Senhor Irislon Lopes, para dizer que Deus faz aparecer dinheiro em contas bancárias, que ele faz você encontrar pacotes com dólares e sem nenhum escrúpulo apropriar-se deles e atribuir a isso como uma forma de Deus estar agindo na sua vida, um mimo de um Deus que compra pessoas empobrecendo ou prejudicando outras e tudo isso cercado por um coro de gloria a Deus e aleluia.

“ O dinheiro foi perdido por um funcionário de uma financeira. Com a ajuda das câmeras do banco, o chefe do funcionário descobriu a empresa onde Irislon trabalha e quando foi procurá-lo, ele estava na delegacia devolvendo o dinheiro”.

Ao invés disso vemos os escândalos envolvendo apóstolos, bispas, e outros sacripantas desonestos a dizer que Deus é brasileiro, sim Deus é brasileiro e seu nome hoje seria Irislon Lopes um Deus de moral.

Graças ao nosso Deus e Pai que em nosso país para cada evangélico que consegue suportar a prosperidade sem ser arrogante existem cem outros evangélicos que conseguem suportar a adversidade sendo simples.

A prosperidade é apenas um instrumento para ser usado, não uma divindade para ser adorada. Deus deseja que prosperemos, mas que em nossa prosperidade façamos pessoas participarem de algum modo.

Em Cristo

Pr. Romildo Neres

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O REBANHO

É certo que nós, os homens, nos temos animalizado.

Tornaram-se mais raros os comportamentos humanos: quero dizer comportamentos ditados pela inteligência e pela vontade; pela parte espiritual – a mais elevada – do nosso ser.

Procuramos encher a barriga, buscamos o divertimento, a comodidade, o prazer, aquilo que é fácil. Não nos interessam os sábios, os filósofos, os poetas, os santos. Não queremos ouvir falar de subir montanhas – interiores ou exteriores a nós –, de superação, de ousadia, de sacrifício. Aventuras... só aquelas que não tiverem necessariamente consequências, as que não comportarem um risco real – o que impede que sejam realmente aventuras...

Somos, cada vez mais, um pedaço de carne mole estendida à sombra. Olhamos, na rua, para uma multidão e cada vez temos mais a sensação de que não se diferencia muito de um rebanho, de que constitui uma massa amorfa sem individualidades.

E, no entanto, esse rebanho segue um caminho; obedece a indicações precisas, aceites por todos. Mesmo as coisas mais disparatadamente contrárias à nossa natureza, ao nosso bem, à nossa felicidade, são pacificamente aceites por todos.

Há alguém – há interesses – por trás da forma como, por exemplo, são orientados muitos meios de comunicação. Estes nossos tempos têm os seus “profetas” escondidos, que erguem o dedo e apontam caminhos que quase todos seguem docilmente, como ovelhas tontas a quem basta a sua dose diária de erva verde, de sombra e de descanso.

Transformar uma multidão de seres inteligentes em rebanho foi – está a ser – uma gigantesca tarefa, reveladora de grande inteligência. E , também, de muito desprezo pelos outros seres humanos.

Qual foi a táctica? Foi, sem dúvida, complexa. Mas o seu elemento mais decisivo consistiu em fazer crer às pessoas que se estava a defender os seus interesses, os seus direitos e a sua liberdade. Como se esses “profetas” se preocupassem generosamente com os interesses das outras pessoas... Como se alguém tivesse visto essa gente a fazer voluntariado em hospitais ou a distribuir os seus bens aos mais pobres...

Esta linguagem – “os vossos direitos, a vossa liberdade”... – soa bem aos ouvidos de qualquer um... É atractiva, quase irresistível. Com ela conseguiram mudar a mentalidade de muitos e alterar o tom da sociedade.

Quando lhes interessou que diminuísse o número de nascimentos de crianças, procuraram que as mulheres passassem a estar fora do lar («A condição e a utilização das mulheres nas sociedades dos países subdesenvolvidos são particularmente importantes na redução do tamanho da família... As pesquisas mostram que a redução da fertilidade está relacionada com o trabalho da mulher fora do lar», lê-se no tenebroso Relatório Kissinger, pag. 151). Para isso, não fizeram leis que obrigassem a mulher a trabalhar longe de casa, porque isso apareceria claramente como um abuso e uma ingerência e se estava numa altura em que o mundo não admitiria novas tiranias. O que fizeram foi divulgar a ideia de que a mulher tinha tanto direito como o homem a trabalhar fora do lar. E as mulheres empertigaram-se... e a mensagem passou.

E não quiseram, pelo mesmo motivo, obrigar a mulher a abortar. Disseram-lhe que tinha o direito de “interromper a gravidez” porque a gravidez era um assunto apenas dela.

E não disseram aos casais que tivessem poucos filhos. Mostraram-lhes, simplesmente, como era bom consumir; que tinham tanto direito como os outros à qualidade de vida (ter muitas coisas...). Apenas lhes fizeram notar que com cada filho se gasta uma fortuna... e que cada filho que viessem a ter teria também o seu direito à qualidade de vida.

E, no início, não divulgaram directamente o homossexualismo. Falaram às pessoas de liberdade sexual, da livre escolha de cada um nesse campo.

E não impediram os pais de educar os filhos. Falaram do direito à educação, concretizando-o em leis – obrigatórias!... – que encaixotam as crianças, desde tenra idade, em escolas que não são exactamente centros educativos. Nesses lugares – longe da vista dos pais – ensinam actualmente os jovens a terem relações pré-matrimoniais “seguras”. E a bondade da “opção homossexual”. E outras coisas do género. É nisto – unicamente nisto – que consiste aquilo a que pomposamente chamam “educação sexual”.

Tudo aquilo que, ao longo da história, muitos tiranos tentaram, sem grande sucesso, realizar através da força – selecção de raça, super-homem, eliminação dos deficientes e dos velhos e dos inúteis, homem-ovelha facilmente conduzido – está agora a ser conseguido sem grandes ondas...